12
ABR
2017

Qual a importância de considerar o efeitos do Vento em edifícios de Concreto Armado?

Em 29 de Janeiro de 2011 na cidade de Belém-PA ocorreu um dos maiores acidentes estruturais de um edifício em concreto armado já registrado no Brasil. O edifício residencial Real Class que estava em fase de construção desabou, matando 3 pessoas. A figura abaixo mostra o edifício em construção e após o desabamento:

O edifício tinha 1 subsolo + 1 pav. térreo + 35 pavimentos (total de 105m), e estudos feitos pela Faculdade de Engenharia Civil na Universidade Federá do Pará indicaram que ocorreram falhas de projeto quanto à consideração da ação do vento.

Um artigo recente publicado na RIEM (Revista Ibracon de Estruturas e Materiais), de dezembro de 2016, apresentou resultados de um estudo quantificando o quanto que erros na etapa de projeto relacionados com a consideração da ação do vento podem comprometer a resposta em serviço e a segurança de edifícios de concreto armado.

É possível perceber que a desconsideração da ação do vento faria com que mesmo o menor pórtico, com apenas 10 pavimentos, tivesse coeficiente γz de 1,39 (acima do limite de 1,3 estabelecido pela NBR 6118:2014), conforme gráfico abaixo:

Além disto, em alguns pilares chegamos a ter uma acréscimo de até 75% de carga na fundação em um edifício de 30 andares, conforme gráfico abaixo:

Observou-se também que em algumas combinações da ações considerando o vento as solicitações foram maiores que a resistência de cálculo. Isto indica que para alguns casos de carregamento o nível de segurança de projeto não seria satisfeito, ultrapassando a envoltório de resistência M x P, levando a edificação à ruína. O gráfico abaixo apresenta um destes exemplo, para um edifício de 30 pavimentos, com significativa probabilidade de ruína de um dos pilares do edifício:

Tais resultados evidenciam que a desconsideração dos efeitos do vento em edifícios de concreto armado podem comprometer significativamente a rigidez e a estabilidade do edifício, além de gerar danos a elementos não estruturais, como alvenarias e esquadrias, e em alguns casos aumento nas cargas nas fundações e nos esforços de pilares de borda e de canto, resultando em níveis inaceitáveis de probabilidade de ruína.

Abraço a todos,

Eng. Rangel Costa Lage

Engenheiro Estrutural | Professor Especialista

 

})